domingo, 30 de dezembro de 2012

Seio de Virgem

O que eu sonho noite e dia,
O que me dá poesia
E me torna a vida bela,
O que num brando roçar
Faz meu peito se agitar,
E o teu seio, donzela!
 
Oh! quem pintara o cetim
Desses limões de marfim,
Os leves cerúleos veios
Na brancura deslumbrante
E o tremido de teus seios?
 
Ouando os vejo, de paixão
Sinto pruridos na mão
De os apalpar e conter...
Sorriste do meu desejo?
Loucura! bastava um beijo
Para neles se morrer!

Álvares de Azevedo

(foto: Elena Skibitskaya)

Imaginação autosuficiente


Orgasmo
Sexo
adorável
palavra
Ato
delicioso
incansável
Corpo
curvas derrapantes
maravilhoso
Você
estou condenada
você é a culpada
De desejos ardentes
Noite gelada
Inverno na madrugada
Parece verão
Corpo febril
Culpa da paixão
Seu rosto infantil
Sorrindo
Não pare...
Estou quase atingindo.

Liz Christine

Foto: Fivebyfive Photography

sábado, 29 de dezembro de 2012

Eu quero você quer

Eu quero, você quer
Não negue, você nega
Meu desejo não sossega
Deixe disso, você pede
Mas meu bem, nada impede
Nem pense, você ruge
Você quer é que eu me suje
Longe disso, você sabe
Mas se prefere que eu te enrabe...
É só pedir que eu te sirvo
Pode os dois? Você entrega
Qual primeiro? Eu concedo
Não sei, eu tenho medo
Não tenha, eu te prometo
Se deixar, eu me derreto

Aliás, já me derreti...

Zig

(foto: Aktron)


Minhas mãos

As minhas mãos
abrem as cortinas do teu ser
vestem-te com outra nudez
descobrem os corpos do teu corpo
As minhas mãos
inventam outro corpo
para o teu corpo

Octávio Paz

(fotos: Norbert Gouthier)
 



Que tudo se f...





   – que tudo se foda,
disse ela,
    e se fodeu toda

  Paulo Leminsk











 (Foto: Sasch Huettenhain)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mulher de Gigolô

Meu macho, comigo vem,
Com força bruta e arguta,
Vem penetrar na tua puta,
Fazer o que te convém.

Pois sabes que nesta luta
De amor dentro do meu peito,
Sempre foste meu eleito.
Fostes sempre o meu batuta.

Eu te entrego nas quebradas
Meu corpo e minh'alma errada,
Te possuo com loucura,
Te exponho minha fratura.

Te convido pr'uma farra,
Te agarro com minha garra,
Em ti grudo feito sarna,
Te prendo com a minha arma.

E te digo: este amor é meu Karma,
Que com prazer vou cumprir,
Sem dele fazer alarma
Pra só contigo dormir.

Maria do Carmo Lobato
(foto: Aeric Meredith-Goujon)
 

Mais difícil é falo

 

mais difícil é falo
que falá-lo


mais difícil é língua
do que lua

 
mais difícil é dado
do que dá-lo

 
mais difícil vestida
do que nua

 
mais fácil é o aço
do que achá-la

 
mais fácil é dizê-la
que contê-la

mais fácil é mordê-la
que comê-la

mais fácil é aberta
do que certa

nem difícil nem fácil

nem aó nem licor
nem dito nem contacto
nem memória de cor


só mordido só tido
só moldado só duro
só molhada de escuro
só louca de sentido

fácil de falá-lo
difícil de contê-lo
o melhor é calá-lo
o melhor é fodê-lo

E. M. de Melo e Castro
 
(foto: Gal Oppido)

Quero um homem...

Quero um homem
que toque minha alma,
que entre pelos meus olhos
e invada meus sonhos.

Quero que me possua inteira,
corpo e alma,
fazendo dos meus desejos
breves segundos de êxtase
o prazer do encontro total.
 
 
 
 
 
Quero sentir seus braços longos
envolvendo meu abraço,
seus lábios mudos
calando o meu silêncio
sem precisar nada dizer...
apenas me olhando
com olhos negros e úmidos
e me tomando devagar,
como o mar avança na praia,
como eu sei que tem que ser
e sei que um dia será.

Cláudia Marczak

(foto: Tumblr, anônimo)

Vós, meninas


Vós, meninas, entusiasmem-se com os carinhosos presentes
Das musas de seios perfumados e com a lira clara e melodiosa:
Mas o meu outrora macio corpo, agora velho
Enrijeceu; meus cabelos tornaram-se brancos, em vez de negros

Sappho de Lesbos

Safo (em grego: Σαπφώ, transl. Sapphō) foi uma poetisa grega que viveu na cidade lésbia de Mitilene, ativo centro cultural no século VII a.C.. Foi muito respeitada e apreciada durante a Antiguidade, sendo considerada "a décima musa".  Sua poesia, no entanto, devido ao conteúdo erótico (de tendência lésbica) sofreu censura na Idade Média por parte dos monges copistas, e o que restou de sua obra foram escassos fragmentos.

O mundo é grande


O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.


Carlos Drummond de Andrade

(foto: Holman House - Durbach Block Jaggers)

 
 

Rubra, muito rubra


Como a doce maçã que rubra, muito rubra,

lá em cima, no alto do mais alto ramo

os colhedores esqueceram; não,

não esqueceram, não puderam atingir.


Sappho de Lesbos

(foto: Sweetie Birdie, Myspace)