terça-feira, 10 de junho de 2008

A Bunda




A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

Anônimo disse...

Cumpadi Pax,

No meu humirdi pensá, o conterrânu Drummond tem coisas milhó qui essa pousia da bunda.

Mas em cumpensação, a bunda da foto (ou a foto da bunda), sentadinha aí na banhêra, é du primêro time...

Pax disse...

Cumpadi zecatatu,

Mande sugestão que se pintar a inspiração dá pra parir um post. Será muito bem-vinda. Cumpadi Drummond nasceu em Mato Dentro - MG. Só esse fato já é inspirador quando olhamos o tema do post, aliás, que é o que interessa.

Com poesia dá pra ter mato dentro do tema. Abraços !

Pax disse...
Este comentário foi removido pelo autor.