quarta-feira, 2 de julho de 2008

O insecto


(Neruda)

Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.

Sou mais pequeno que um insecto.

Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centimetros queimados,
pálidas perspectivas.

Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!

Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.

Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!

2 comentários:

Anônimo disse...

siô Pax, essa foto aí é tão bonita demais da conta qui me deu uma idéia: vassuncê acha que vai dá certo se eu botá uns sapato de sarto alto nas minhas cabrita?

Pax disse...

olha zecatatau,

não sou especialista em cabrita, nunca tive essa experiência, mas já com sapatos altos, só os sapatos, gosto muito.

tenta... e depois nos conta