(O que se passa na camaé segredo de quem ama.)
É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme onça suçuarana,
dorme cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima… O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.
(Carlos Drummond de Andrade)
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4 comentários:
Sempre que leio algum poema erótico do Drummond me pergunto se esse (que leio), faz parte dos poemas eróticos publicados pela família do poeta após sua morte. Digo isso, porque não sei se vc sabe Pax, ele não queria publicar seus poemas eróticos. E aí vem sempre uma questão que me divide: nossos desejos devem ser mantidos após nossa morte?
Afinal, se estamos mortos, nada mas importa.
Mas acrescento que 'eu', enquanto viva e detentora do desejo do um falecido, levaria para o meu túmulo o seu último pedido. Não sou Deus, mas sou fiel!
Agora, que lindos são os poemas eróticos do Drummond, né mesmo!
Leila, concordo com voce, uma decisao que eu nao gostaria de ter que decicir. Mesmo porque eu nao faria diferente do que ele pediu.
Mas, privar o mundo de ler o que ele escreveu e um preco bastante alto...
Acredito que, se essa era a vontade dele, entao nos nunca iremos entender totalmente o que ele escreveu. Essa compreensao so sera para quem tinha o direito, dado por ele, de ler esses poemas tao maravilhosamente belos.
Pô, eu quero dar uma espiada. E vocês também.
Não sei se é de uma lista dos que ele pediu para não publicar. Tá lá no site do Carlos Seabra, de onde tiro uma parte dos poemas que aparecem aqui.
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