quinta-feira, 17 de julho de 2008

Unidade

Do crepúsculo as faixas carregadas
eu desato, as primícias perseguindo
do sonho a que se volva o dia findo
(já não terá o rei suas espadas).

De toda diferença, ora, prescindo:
disputem outros sobre as bem-amadas
(ai! alma, em dúbio sangue sobrenadas...)
ou se é o rosto, sob os véus, mais lindo.

A pouco e pouco, afrouxaram-se estas malhas;
os olhos as trespassam, de tão falhas;
e um só, de volta em volta, o meu caminho.

As mãos, eu pouse — ó Vida! — em frescas toalhas
eu, contra o peito, quando me agasalhas
definitivamente, sou sozinho.


(Pedro Xisto)

3 comentários:

Unknown disse...

Uau! Que soneto... que soneto lindo. Preciso lê-lo ainda mais umas dez vezes para absorvê-lo. Não conhecia essa lado o Pedro Xisto, pensava que só escrevia hai-kais e poemas visuais/concretos.

E que foto maravilhosa!!!

Anônimo disse...

que rendas e remendos
qual dedo
este quadro
mereceu o poema

Pax disse...

leila: eu preciso conhecer melhor o Xisto, o cara é ótimo como tem sido descobrir gente boa e trazer pra cá, um processo delicioso

ela: uau !