quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Soneto Presunçoso


Que forma luminosa me acompanha
quando, entre o lusco e o fusco, bebo a voz
do meu tempo perdido, e um rio banha
tudo o que caminhei da fonte à foz?

Dos homens desde o berço enfrento a sanha
que os difere da abelha e do albatroz.
Meu irmão, meu algoz! No perde-e-ganha
quem ganhou, quem perdeu, não fomos nós.

O mundo nada pesa. Atlas, sinto
a leveza dos astros nos meus ombros.
Minha alma desatenta é mais pesada.

Quer ganhe ou perca, sou verdade e minto.
Se pergunto, a resposta é dos assombros.
No sol a pino finjo a madrugada.

Soneto: Lêdo Ivo http://www.jornaldepoesia.jor.br/ledo.html#presun
Foto: Nuno Baptista www.olhares.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Pax,

O Lêdo Ivo era mais um poeta que eu subestimava e que agora no seu blog começo a admirar. Obrigado mais uma vez...