terça-feira, 26 de agosto de 2008

Teu corpo seja brasa


teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo

um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo

Alice Ruiz
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0227.html

Foto: AmandaCom
www.olhares.com

10 comentários:

Nat disse...

Nem sempre aproveito a vida.
Nem sempre me permito a dor,
o tesão, a entrega, o amor.
Deve ser algum defeito de fabricação isso de não
fazer o que devo.
Mas como a natureza
é sábia,
o que não vivo, escrevo.

Ulisses Tavares

Anônimo disse...

adorei, nat!

Anônimo disse...

Nat, mas que coisa mais bacana e desnudada o que você escreveu! Ô precisão no uso das palavras, ô mira certeira.
Quem me dera ter essa capacidade de construir, com tão pouco, algo tão belo. Assim como a Ela, eu também adorei. Beijos.

Anônimo disse...

Só mais uma coisa: adoro mulher com defeito. Eu e um monte de outros homens que conheço. As "sem defeito" são, para mim, chatas,sem o sal da vida, sem cicatrizes n'alma, mesmo que (eventualmente) belas.

Anônimo disse...

lindo mesmo, nat! os 3 últimos versos são quase Fernando Pessoa...

quem é esse Ulisses Tavares? você sabe mais alguma coisa dele?

Nat disse...

Tb acho lindo, mas não, infelizmente não sei nada sobre ele. Comprei um desses Livros da Tribo onde cada dia tem um poema e uma proposta para você escrever em baixo.

Tenho esse poema há anos recortado e colado com um ímã no meu quadro. Olho pra ele sempre, pra dar inspiração ;- )

Unknown disse...

nat

Acho uma graça essa coisa de quadro pra se fixar de tudo. Não sei por que nunca tive um. Mas, meu filho tem um no apartamento que divide com mais três estudantes em São Paulo.
Não me lembro de nada interessante fixado nele. Calendário de provas, tel do disk pizza, disk água, dois bilhete unitário do metrô e uma passagem vencida da Pássaro Marrom.
Que coisa não é... quatro anos lá e tão vazio, tão sem lembretes, fotinhos, stickers, telefones marcados em guardanapos com marca de tulipa, ingresso de show inesquecível, frase ilegível escrita com canetinha hidrocor num pedaço rasgado de papel pautado, anel de prata da amiga do amigo que passou mal no banheiro, esparadrapo com tel da diarista... pois, esse é meu filho... tão pragmático, tão diferente de mim e no entanto, um kra sensacional!

Unknown disse...

E por falar em Fernando Pessoa e de poemas que marcam, tem esse escrito por ele que me acompanha, não num quadro, mas de cor e salteado dentro do meu coração:

Fernando Pessoa

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Anônimo disse...

Como alguém com tantas limitações... consegue nas ilimitadas palavras, achar as adequadas...
Tornando mais estreito o não vivido, toda vastidão do iludido.
Talvez para ele mesmo mentido.
Que inveja do poeta, inventa a vida e nada o afeta.

Parabéns Sr. Ulisses... lindo!

Unknown disse...

Bem, já que todos estão falando de grandes poetas, eu gostaría de compartilhar com vocês o poeta-amor da minha vida: J. G. de Araújo Jorge.

Soneto à tua volta

Voltaste, meu amor... enfim voltaste!
Como fez frio aqui sem teu carinho....
A flor de outrora refloresce na haste
que pendia sem vida em meu caminho.

Obrigado... Eu vivia tão sozinho...
Que infinita alegria, e que contraste!
-Volta a antiga embriaguez porque voltaste
e é doce o amor, porque é mais velho o vinho!

Voltaste... E dou-te logo este poema
simples e humilde repetindo um tema
da alma humana esgotada e envelhecida...

Mil poetas outras voltas celebraram,
mas, que importa? – se tantas já voltaram
só tu voltaste para a minha vida...

Beijo pra todos.

PAX,

Aprimorando-se, hem? Tá lindo de doer.