
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Carlos Drummond de Andrade
Foto: António Louro
http://olhares.aeiou.pt/silvana_k/foto2253166.html
5 comentários:
É sério que o autor é mesmo o Carlos Drummond de Andrade? Não seria mais um daqueles apócrifos? Mas que seja, é bem legal!
Abundante, aconchegante...e como diria Jorge Ben, deliciante.
KCT, esse é definitivamente do Drummond. Mesmo!!! É um dos mais famosos do mestre.
Bjs
Valeu Nat pelo esclarecimento. ;0)
esse teu blog é muito bom
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