sábado, 12 de janeiro de 2013

Cobra


A força do medo verga a constelação do sexo.
Pelos canais nocturnos entra o mel, sai
              o veneno branco.
O sono estrangula as chamas da cabeça nos veios atados.
As costas crepitam numa linha lunar
              de clarabóias. Rutila
a flor do alimento, talhada: o ânus.
E brilha rebrilha, uma luva puxada pelo avesso,
              o corpo
              puxado pelo avesso
com as estrelas desfechadas.
             As casas ateiam-se.

Herberto Helder, Cobra (fragmento)

foto: Jeff Bark

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