quinta-feira, 31 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
Bosques de Palermo

a moça caminha
em meio as árvores
da praça próxima
ao centro
da cidade
ao redor dela
seus pensamentos:
os meus.
(Leandro Jardim)
Poesia: http://florespragasesementes.blogspot.com/
Foto: Luis Azevedo em www.olhares.com
ps.: Agradeço ao Leandro, poeta que conheci neste fim de semana, no Rio. Meu irmão já havia falado um tanto dele e calhou de nos encontrarmos. Confesso que foi um prazer. E espero que ele não se incomode em citá-lo aqui. Vejam nos comentários do Administrativo que a dica do site de fotos é dele. Ok, confesso também que tenho outra foto aqui que se encaixaria melhor no poema. Mas prometi e tentarei cumprir: Fotos só com as referências. Obrigado pela paciência geral, os posts e o tempo andam mais difíceis.
domingo, 27 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Post Administrativo
2 - Faz alguns dias que tenho sentido desconforto crescente. Na verdade é um desconforto desde o nascimento do blog. É legal? Não com relação ao seu mote, o erotismo, isso não, sou e estou super tranquilo neste aspecto. Meu incômodo é sobre o que é legal e o que não é legal que eu possa usar num blog que assino. Por outros motivos tenho conversado com blogueiros importantes do Brasil. É uma boa discussão. Não há regras claras. Pirataria sei que não é legal. Mas tirar uma foto de um site e um poema de outro e juntar as duas coisas é legal? Não sei dizer. Sei que me gera desconforto e que penso em criar uma regra minha, enquanto procuro uma comum que todos aceitem como razoável: Citar as fontes. De onde veio a foto e de onde veio a poesia, no meu caso. E isso não estava fazendo. Daí meu desconforto, sendo repetitivo. E isso implicará em mais tempo para elaboração dos posts, mais cuidado.
3 - Por fim confesso que estes dias têm sido de uma correria danada. Vai acalmar uma hora, mas é correria boa, coisas que gosto de fazer. Peço desculpas pelo abandono daqui que se deve à esses dois fatores: minha consciência e minhas atividades profissionais.
Abraços !
ps.: toda e qualquer opinião sobre o tema é super bem-vinda.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Da arte da trepada
não é naïf
pau em riste
Bom trepador
pau alado
namorado
Bom trepador
mil bocas e mão
Sherazade do tesão
Bom trepador
uiva sussur
ra urra
Bom trepador
não come
degusta
Bom trepador
não chupa
sorve
Bom trepador
beija beija
beija-flor
Bom trepador
seus três sexos
num amplexo
Bom trepador
l'amour toujours
uma trepada
Bom trepador
se trepa
flecha
Bom trepador
na árvore
floresce
Bom trepador
desfruta
desfrutado
Bom trepador
macho, gay ou bi
um colibri
Bom trepador
nem bom nem trepa
é poeta
(Lúcia Nobre)
Tua mão em mim

Você me acorda no meio da noite
e eu que navegava tão distante
cravada a proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília.
(Marina Colasanti)
domingo, 20 de julho de 2008
A Bailarina

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina com o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
(Cecília Meireles)
sábado, 19 de julho de 2008
Ontem, hoje, amanhã
Fetiche (2)

Mais uma chance, portanto, para estes instrumentos de sedução (poderosos segundo o Galahad, como um elegante salto alto, um decote vertiginoso ou uma tanguinha bem recheada).
Afinal, belos pés representam sedução, atração, elementos de erotismo visual ou apenas cócegas e sentimentos de estranheza?
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Comer fora
No corpo
O que se passa na cama

é segredo de quem ama.)
É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme onça suçuarana,
dorme cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima… O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.
(Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Unidade

eu desato, as primícias perseguindo
do sonho a que se volva o dia findo
(já não terá o rei suas espadas).
De toda diferença, ora, prescindo:
disputem outros sobre as bem-amadas
(ai! alma, em dúbio sangue sobrenadas...)
ou se é o rosto, sob os véus, mais lindo.
A pouco e pouco, afrouxaram-se estas malhas;
os olhos as trespassam, de tão falhas;
e um só, de volta em volta, o meu caminho.
As mãos, eu pouse — ó Vida! — em frescas toalhas
eu, contra o peito, quando me agasalhas
definitivamente, sou sozinho.
(Pedro Xisto)
quarta-feira, 16 de julho de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
Travessia
muito romântico
meu ponto pacífico
fica no atlântico
(Paulo Leminski)
(fiz um travessia de veleiro da Espanha para o Brasil, 65 dias morando no mar de dez 2004 a fev 2005)
Terra, Água
domingo, 13 de julho de 2008
Um país
Um número da paixão

na corda bamba
quero ser teu contrapeso
no número das facas
assoviar nos teus ouvidos
no globo da morte
quero ser teu copiloto
no vai e vem do trapézio
quero ser quem te segura
quero te acompanhar pelas ruas do rio
sorrindo ou chorando
quero me molhar todinho só pra te deixar
sequinha nesse temporal
quero te abraçar apaixonado
sentir teu coração pulsar
quero te beijar do oiapoque ao chuí, bem ti vi
porque eu sei que teus cabelos
que despencarei toda vez que subir nos teus andaimes
que me esfaquearei transtornado
com tuas sutis insinuações sobre o tempo
que me transmutarei em nêspera
cada vez que me disseres:
- hasta luego, luz del fuego !
que vagarei sem esperanças quando não mais fizeres parte
das cenas dos meus próximos capítulos
que capitularei enfim, com a cabeça espatifada
nos escombros do meu próprio coração
(Chacal)
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Morre um Poeta
Fetiche

Acompanho uma discussão no blog do Pedro Doria sobre fetiches de alguns colegas comentaristas de lá sobre pés. Gosto deles, os pés, mas confesso que eles precisam vir acompanhados de algo mais para me atiçar. Ok, podemos começar com uma massagem gostosa por lá, que adoro, até uns beijos que nunca foi muito meu barato, e até para outros fins confesso que já os usei, mas digamos que, sinceramente, não é meu maior fetiche. Sou mais das lingeries. E vocês?
Pescaria
White Fay
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
(Antonio Cicero)
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Músico
Saiba, ó Vizir

Cobre-lhe de beijos o ventre e as coxas, excitando-lhe as partes inferiores. Morde-lhe os braços e não desprezes parte alguma do seu corpo.
Chega-te ao seio dela, demonstrando-lhe teu amor e submissão. Envolve suas pernas com as suas, e aperta-a com teus braços.
Quando vires que seus olhos se turvam e ouvires que ela, ansiando pelo coito, deixa escapar profundos suspiros, faz com que o desejo de ambos se fundam em um só e que a tua lubricidade atinja o máximo, pois esse é o momento mais favorável ao jogo do amor.
O desejo que a mulher sente nesse instante será extremo, e se a penetrares agora hás de lhe proporcionar inquestionável deleite.
(O Jardim Perfumado do Xeque Nefzaui, manual árabe sobre o sexo, sec XVI)
terça-feira, 8 de julho de 2008
Morena linda flor
Despertar
Enquete Surreal #3 - O quê a japonesa viu?
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A woman waits for me

Yet all were lacking, if sex were lacking, or if the moisture of the right man were lacking.
Sex contains all,
Bodies, souls, meanings, proofs, purities, delicacies, results, promulgations,
Songs, commands, health, pride, the maternal mystery, the seminal milk;
All hopes, benefactions, bestowals,
All the passions, loves, beauties, delights of the earth,
All the governments, judges, gods, follow’d persons of the earth,
These are contain’d in sex, as parts of itself, and justifications of itself.
Without shame the man I like knows and avows the deliciousness of his sex,
Without shame the woman I like knows and avows hers.
(Walt Whitman, in Leaves of Grass)
Sexo/cama
Devagar meu bem
Prepare o ambiente. O tantrismo acredita que a energia erótica nasce de vários tipos de estímulo. Os mais diretos, relacionados ao ato sexual propriamente dito, e aqueles mais sutis, como música suave, perfumes, alguma bebida excitante (talvez), flores (sempre), e frutas e outras comidinhas. Tudo isto arrumado com carinho, cria o cenário ideal para usufruir do amor. Não esqueça também de providenciar para que o lugar tenha uma luz agradável, mas jamais forte. O ritual tântrico nunca é praticado no escuro. Mesmo porque perceber o belo e suas formas é um elemento fundamental do Tantra. A luz deve de preferência vir de velas, mas lâmpadas coloridas podem ser utilizadas: vermelha para ativar a sexualidade masculina; violeta, para estimular o desejo feminino.
(do site delas.ig.com.br)
Satânia

Sorri na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.
(trecho de Satânia de Castro Alves)
Porteira do mundo
Poesia pura e aplicada

No post abaixo - Precisa-se - o leitor poeta Zig nos presenteou com uma bela poesia. Em outros posts a veia poética de todos tem aparecido com frequência e ótima qualidade. A Nat sugeriu e o Galahad apoiou que fizéssemos mais. Lanço então um desafio: Uma poesia para essa foto.
Regra: façam quantas quiserem nos comentários e todos votam na melhor.
domingo, 6 de julho de 2008
Ambigüidade
Precisa-se

por favor achem-no...
morena tão linda
da boca gostosa,
nem mesmo estas meias
zebradadamente
estroboscópicas
disfarçam o escândalo
do teu olhar oblíqüo
dos lábios entreabertos
das coxas perfeitas
e da racha gulosa.
morena tão linda
como podes ser
tão exageradamente
apetitosa?
(do leitor e poeta zig nos comentários - obrigado e parabéns !)
sábado, 5 de julho de 2008
Devoção

Molhados um do outro nossos corpos são,
Cansada, nos teus braços, queres me fazer dormir.
Não quero.
Não quero que se esfrie o meu suor no teu.
Não quero que se perca o teu cheiro em mim.
Entende, meu Senhor, eu não sou nada.
Mesmo que o queiras, nunca igual a ti.
Eu limpo em minhas roupas o suor do teu corpo,
Cuidadosa, seco o que deixei em ti,
Parte a parte tiro-te o suor do corpo,
Meu vestido enxuga o dorso, teus cabelos,
Tuas coxas, tuas pernas, teus quadris.
A calcinha limpa o teu sexo.
Depois me visto.
Com tua permissão me retiro
Levando teu cheiro em mim.
(Patrícia Clemente)